quinta-feira, dezembro 22, 2005

BARCO DAS VIÚVAS

Por três agonizantes horas os botes salva-vidas com os sobreviventes rumam num mar repleto de icebergs. No barco 6, repleto de assustadas madames, a nova rica Molly Brown - a insubmergível Molly, como o mundo veio a conhecê-la, tomou conta da situação e pôs suas colegas de salão de chá para remarem, enquanto os dois homens a bordo discutiam entre si. Muitas das sobreviventes, como Millvina Dean, eram crianças pequenas e acabaram dormindo durante o trajeto, só acordando no convés do Carpathia, o navio que recolheu os 711 sobreviventes do Titanic. Ruth Blanchard, que havia se separado da família no corre-corre pelos botes, só os reencontrou no convés do Carpathia: - "Deram-nos conhaque para nos aquecer e acordar", relembra.

O Carpathia tornou-se um barco de viúvas, e outra vez o horror tomou conta dos sobreviventes quando ficou claro que a maioria dos esposos e pais de família não havia se salvado. A esposa do Dr. Washington Dodge, em entrevista na época, reconta o clima de histeria do resgate: - "O convés se encheu de gritos de desespero quando os últimos botes chegaram sem sinal dos entes queridos de quem estava a bordo do Carpathia."

O navio retornou ao local onde o Titanic afundou em busca dos que ficaram para trás. Só restava um cadáver congelado boiando no oceano, uma macabra testemunha dos últimos momentos do naufrágio.

A chegada ao que seria o destino original do Titanic foi aguardada por quatro mil pessoas no cais do porto, a maioria jornalistas e parentes dos passageiros do insubmergível. Ruth Becker se recorda como foi aquele momento: - "Havia uma grande confusão no porto, e só foi permitido o desembarque de quem tivesse algum conhecido em Nova York." Gente como Millvina Dean, que perdeu tudo no acidente, retomou imediatamente a Londres: - "Não havia mais nada para mim na América", recorda a mais nova dos sobreviventes do Titanic.

2 comentários:

Anônimo disse...

Imagino a sensação horrível de estar num bote a ver aquela tragédia acontecer e de não saber se um dos nossos entes queridos estaria num dos botes posteriores ou não e esperar até o último bote chegar para saber se tinham sobrevivido ou não, concerteza para alguns foi de uma tremenda alegria saber do pai, do amigo ou noivo num último bote, para outros deve ter sido o fim de uma época e o início de uma vida nova, de um mundo por ser reconstruído.

Anônimo disse...

Oi Alencar...Deve ter sido horrível pra essas mulheres...Impossível descrever...
Mais uma vez parabéns pelo post...
Você sempre muito sensível né!?
(vc não foi me visitar pq é a semana do Léo?)Brincadeirinha...
Senti sua falta...
BEIJOS