sábado, outubro 08, 2005

CÂNTICOS PARA A ÚLTIMA VIAGEM

No dia 10 de abril de 1912, o Titanic, o maior navio de passageiros de todos os tempos, inicia sua viagem inaugural, partindo da Inglaterra com destino a Nova York. A bordo, mais de 1500 pessoas. Cinco dias depois, afunda em alto-mar. Nenhum sobrevivente.
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A narrativa de Erik Fosnes Hansen é um mosaico da Europa ainda intocada pelas guerras mundiais. Banqueiros e industriais se deleitam com o luxo da primeira classe e emigrantes amontoados no fundo do navio esperam o Novo Mundo enquanto a orquestra toca valsas - até o último minuto. Os sonhos são muitos nesse pequeno mundo flutuante, mas o destino é um só.
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John Law Hume, violinista de 21 anos, filho único, morreu no dia 15 de abril de 1912, com as outras mais de 1500 pessoas a bordo do Titanic. Fazia parte da orquestra do navio. Após o desastre, seus pais requereram indenização, e o que obtiveram foi uma conta de 5 xelins e 4 pence relativa ao valor do uniforme de músico, que pertencia ao empresário.
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Embora pareça um produto típico da imaginação, a história de John Hume é real. Erik Fosnes Hansen não precisou inventá-la, assim como não precisou inventar o Titanic, cuja sina integra o catálogo de tragédias do século XX e até hoje é fonte de perplexidade. Como explicar que o mais moderno dos navios tenha se chocado com um iceberg se durante todo aquele dia recebera telegramas informando a presença de grandes blocos de gelo na área?
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A história do Titanic é a história de uma ilusão. A esse pano de fundo verídico Hansen sobrepõe a narração da vida de personagens fictícios mas perfeitamente verdadeiros em seus dramas pessoais, em sua intimidade atormentada, em suas expectativas de futuro. Vindos de cantos diferentes da Europa anterior à guerra, esses músicos que deleitam os passageiros da primeira classe emergem do seu repertório de banalidades pouco a pouco e, diante de nós, mudam o tom, passando a tocar as músicas da individualidade.
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No entanto, por mais que se acreditem capazes de ainda interferir no rumo doloroso de suas vidas, por mais que suas águas oníricas renovem o fio delicado da esperança, nós, leitores, sabemos que as horas estão contadas. E que o Titanic navega silenciosamente para o fim.
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Esta é a primeira tensão que nos mantém atentos até a última linha. Em Cântico para a Última viagem, nossa perspectiva é a da morte.
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Erik Fosnes Hansen nasceu em 1965, em Nova York, e foi criado na Noruega. Viveu dez anos na Itália e atualmente mora em Oslo com a família. É resenhista e crítico de literatura do jornal Aftenpostel. Lançou Cântico para a Última viagem, sucesso em toda a Europa, aos 25 anos. Os direitos de publicação deste que é seu segundo romance já foram vendidos para mais de vinte países.

3 comentários:

Anônimo disse...

nanananananan,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,hehehehehe boa viagemmmmmmmmmmmmm

Anônimo disse...

Alencar obrigado pelo vhs ele ja chego ok!!!!
Valeu!!!!!

Anônimo disse...

Oi Alencar, bonito o post de hoje, desconhecia, mais um. Abraço.